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31 outubro 2013

Um Jornal Que Não Agacha

31 outubro 2013 8 Comentários
OPINIÃO

MOTE
Quem adultera a sua história é capaz de adulterar tudo, incluindo resultados e classificações


O Correio da Manhã pode ter muitos defeitos mas não se intimida. Teve coragem no Apito Dourado (o único que publicou excertos das escutas) e tem a coragem que outros não têm - apesar de se fazerem passar por paladinos - em mostrar o Estalinismo Pintecostista.

(Este "assunto" já foi abordado no EDB em 5 de Março de 2013 e 29 de Abril de 2013)




Alberto Miguéns
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Estatísticas? Borrões e Caos

1 Comentários
OPINIÃO

Vejam esta imagem:





Não tinha previsto qualquer texto antes da meia-noite de 1 para 2 de Novembro de 2013, ou seja após o jogo entre a equipa do Organismo Autónomo de Futebol da Associação Académica de Coimbra. Mas... a insistência de alguns leitores do EDB "obriga" a elaborar um texto, até porque no EDB justifica-se, sempre, as afirmações que são feitas.

Pergunta: Qual é a publicação fidedigna para confiar nas estatísticas?
Tem sido esta a insistência, penso que a propósito da passagem do 10.ª aniversário do Estádio e do facto de Cardozo ter igualado Nuno Gomes em número de golos marcados em jogos para competições oficiais.

Resposta: Nenhuma!
Não há publicações - em papel ou na internet - com estatísticas credíveis em Portugal. É tudo fraco, trapalhão, sem credibilidade por isso não são fidedignas. Exemplos:


Comecemos pelo Caos
Se no futebol as estatísticas são muito fracas, nas outras modalidades atingem proporções a nível do inimaginável. É que estamos a falar de publicações que são vendidas, feitas por centenas de pessoas que se arrogam como arautos da verdade e do rigor. Nem a fazer quadros básicos conseguem, quanto mais quando se aumenta o grau de dificuldade. Há exemplos atrás de exemplos, que dariam para fazer um blogue só para desmentir e rectificar essas informações. Atentemos num exemplo - são tão fáceis de encontrar diariamente - que saiu nos três jornais desportivos diários de domingo (27 de Outubro de 2013), referente ao jogo de hóquei em patins entre o ÓC Barcelos e o SL Benfica.


O que se passou no jogo
O Benfica iniciou o jogo com os seguintes hoquistas:
N.º 10  Guillem Trabal
N.º   2  Valter Neves (capitão)
N.º   6  Esteban Abalos
N.º   9  João Rodrigues
N.º 18  Carlos López

O treinador Pedro Nunes utilizou depois os seguintes suplentes, aos 20 minutos - na realidade deve ter sido aos 15 minutos - na transmissão de A Bola TV:
N.º   4  Diogo Rafael
N.º   8  Marc Coy
N.º 44  Miguel Rocha


Eis a "ficha" do jornal Record

Record; página 45; 27 de Outubro de 2013

Conseguiram ver Diogo Rafael no cinco inicial e não ver lá João Rodrigues. Nem nos titulares nem nos suplentes nem João Rodrigues (que saiu aos 20 minutos da 1.ª parte). João Rodrigues que esteve no rinque 42 minutos (20 na 1.ª parte e 22 na 2.ª parte) não jogou no ÓCB vs SLB para o Record. Só emoções.

Eis a "ficha" do jornal O Jogo

O Jogo; página 32; 27 de Outubro de 2013

O que no "Record" não conseguiram ver (João Rodrigues no rinque), em "O Jogo" viram a dobrar (como titular - e está certo - e como suplente utilizado!)

Eis a "ficha" do jornal A Bola

A Bola; página 37; 27 de Outubro de 2013

Estes vêem Marc Coy na equipa titular em vez de Carlos López. E para eles jogaram todos, mesmo Tiago Jorge (n.º 5) e Pedro Henriques (n.º 1) que, durante o jogo, não entraram no rinque.

"A Bola" tem a agravante de ser num jornal que transmitiu o jogo!
Nem assim. Nem com as imagens e a transmissão conseguem acertar. Têm como vocação a falta de rigor. O engano.

Eis uma imagem do início do jogo. Pelas 21:00 horas do passado sábado. Quem está preparado para sair com a bola?
Carlos López. O tal que não jogou no cinco inicial...

Nenhuma está certa!
Três jornais desportivos diários. Três fichas. Nenhuma está correcta. Que classe! Que rigor! De confiança!

Se não conseguem acertar
Deixem da fazer as fichas do jogo. Comentem apenas. Assim evitam enganar os leitores. Pelo menos aqueles que se deixam enganar. Há quem já não lhes dê crédito! Dêem apenas as opiniões que tanto gastam de "vender". As opiniões pelo menos não têm erros, a não ser gramaticais. Respeitem os leitores e compradores!



E agora o Borrão
Se nas modalidades, a informação - que devia ser rigorosa - é o caos (porque os erros são a regra e não excepção) no futebol são mais criteriosos, mas a falta de aptidão, trabalho, desleixo e copianço leva a que haja muitos erros, que se repitam e que depois, aquando de elaborações estatísticas em sequência ou somatório acumulem mentiras. São dezenas (quanto a resultados), centenas (nas pontuações e goleadores) e milhares (em presenças e jogos realizados).

O Benfica até nem é dos clubes "mais prejudicados"... em quantidade
Como clube com mais visibilidade o "Glorioso" nem é o que acumula mais erros, apesar de haver muitos, nas várias publicações, desde o papel ao mundo virtual.

Onde é que eles foram buscar este resultado?
Não sendo o EDB errata de nada nem ninguém, deixamos um exemplo, até por que não é difícil encontrar resultados errados referentes ao Benfica. Há dezenas. Fica este.


A verdadeira Bíblia do Clube: Jornal O Benfica; primeira página; 30 de Dezembro de 1980
Jornal O Benfica; página 6; 30 de Dezembro de 1980

Almanaque do Benfica 1904-2004; página 373; Rui Tovar; 2004; Almanaxi
Portal www.zerozero.pt

Copianço: esta "mania" portuguesa de aligeirar o trabalho dá nisto...
Uns copiam dos outros. Em vez de terem o trabalho de consultar as publicações (três ou quatro) no dia a seguir aos jogos preferem copiar de quem já fez esse trabalho. Claro que copiam o que está certo e o que está errado.


Metodologia e rigor: resultados e pontuações
Recuperar a informação referente ao futebol não é difícil mas é complexa. E é sempre necessário ver o maior número de publicações (jornais e revistas) possível. E estamos a falar desde 1906/07 (primeiro campeonato em Lisboa) até à actualidade. Temos quatro tipos de informação: resultados, pontuações, jogadores e goleadores. Quanto a resultados há que estar atento. Nem sempre o resultado que aparece em destaque tem correspondência com o relato da crónica. Fazer apenas a recolha do mais fácil sem ler as crónicas pode dar mau "resultado". Depois nas pontuações dos campeonatos há desfasamentos entre publicações, porque fazer uma(s) gralha(s) - um engano por má recolha ou negligência do tipógrafo - numa jornada intermédia mantém a(s) gralha (s) até final.

Metodologia e rigor: jogadores - presenças e golos
Restam os jogadores dificultados pela mania bem portuguesa" de ser pouco rigoroso. Entre muitas "armadilhas" a pior é a de juntar nomes e números quando há apelidos iguais na mesma equipa. Por exemplo há três Teixeiras: Joaquim, Manuel e Artur. Que passam a Teixeira I, Teixeira II e Teixeira III. Mas quando joga apenas um fica Teixeira. Mas quem é este Teixeira? O I, o II ou o III. Na época sabiam. Mas passados n anos quem sabe?!
Com os marcadores de golos o problema agrava-se. Estamos a falar - é bom recordar - do tempo em que as condições nas bancadas eram sofríveis, não havia iluminação artificial e, principalmente, os jogadores não tinham números nas camisolas. Só depois de 1947/48 (para o Clube Oriental de Lisboa desde 1946/47) é que essa pratica foi obrigatória. Há jogos em que "cabeça sua sentença". E este adágio popular agrava-se no Inverno (anoitece mais cedo, jogos com chuva e nevoeiro) ou seja piores condições de visibilidade. E em situações de bola parada (pontapés de canto ou livres indirectos) há sempre  desfasamentos de publicação para publicação em relação a quem marcou o golo, tanto que por vezes o repórter opta pelo mais fácil - autogolo.

Estatísticas à portuguesa
Fazer recolhas das estatísticas do futebol em Portugal é moroso. Mas o que eu presenciava (quando as fiz) é que o "pesquisador" assim que obtinha o que queria nem sequer procurava confirmar se outra publicação aferia os mesmos dados. Está quieto. E o tempo. Gastá-lo? Nem pensar. Eu levei pelo menos três vezes mais tempo, porque confirmava sempre em três publicações independentes umas das outras (por exemplo, às segundas-feiras, três jornais matutinos). Se não coincidissem (resultados, pontuações, presenças e marcadores de golos) avançava para outras, no sentido de reduzir as probabilidades (porque existem sempre) de erro.

"Moral da história"
Eu só confio nas minhas estatísticas (pelos motivos atrás referidos). Ou em recolha de dados directa com aferição por mais de uma publicação. Copiar de outros (recolha indirecta) dos "Almanaques Tovarianos", "zeroszeros", imprensa escrita (Recordes, Bolas e Jogos) é estar a copiar erros atrás de erros e copiar de metodologias incorrectas, por que foram feitas do tipo "para despachar isto que se faz tarde, estão ali uns tipos à minha espera e a telenovela vai começar!"


No futuro...
Ainda vamos ilustrar, num dia destes, a pouca vergonha dos erros por copianço, num triângulo que envolve Henrique Parreirão (para a FPF), o Record, A Bola, o zerozero e os Almanaques dos Tovares. Todos bem desenrascados, a "poupar horas de aturada pesquisa", mas depois credibilidade absoluta igual a zero.




Quando mais significa menos
Depois a quantidade de canais televisivos relacionados com o desporto, quer na integra quer dedicando largos períodos de programação, em vez de elevar a qualidade, muito pelo contrário é refugo, atrás de refugo. As pérolas são muitas, entre tantas possibilidades deixo esta fácil de "localizar" na transmissão de A Bola TV, pois foi como comentário ao 1-0 de Marc Coy aos 17 minutos (24 minutos na transmissão trapalhona de A Bola TV):

«Barcelos que até agora tem tado (sic) a conseguir resistir conforme tem conseguido a questão do ataque do Benfica».

Alberto Miguéns

NOTA: Aqui no EDB até à meia-noite de 1 (sexta-feira) para 2 (sábado) de Novembro.
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